Gramática
Sempre que se ouve a palavra “gramática” no nosso cotidiano, as pessoas logo imaginam um conjunto de regras sobre a forma correta de falar e escrever a língua, ou um livro que organize essas regras. Tal visão não é de todo inadequada, mas diz respeito a apenas um tipo de gramática, àquela que tivemos (ou deveríamos ter) contato na educação escolar.
No entanto, as gramáticas não são de um único tipo. Elas podem ser, de acordo com Azeredo (2018, p. 137-140), universal, latente, explícita, teórica, descritiva e normativa; também podem ser, nas instruções do “imortal” Bechara (2015, p. 54-58), normativa, descritiva, geral, comparada e histórica. Sem querer igualar-me aos professores supramencionados (meus queridos mestres em anos distintos), acrescento-lhes ainda as gramáticas gerativo-transformacional, funcionalista, cognitiva, construcionista, do português falado e textual, com as quais já tive um contato mínimo em algum momento da vida acadêmica.
A maioria dessas gramáticas possui finalidades muito específicas no mundo acadêmico e científico, mas, em geral, perpassa por um objetivo maior: o de descrever como a língua realmente funciona, independente dos juízos de valor “certo” ou “errado”, “bonito” ou “feio”. Desassociada desse objetivo maior, a gramática normativa não possui fins científicos; seu propósito é habilitar os usuários da língua a participar de bens culturais considerados de maior prestígio na sociedade, como ocorre nas mídias formais e na maior parte das obras impressas. Esclareça-se no seguinte trecho:
Cabe à gramática normativa, que não é uma disciplina com finalidade científica e sim pedagógica, elencar os fatos recomendados como modelares da exemplaridade idiomática para serem utilizados em circunstâncias especiais do convívio social..
(BECHARA, 2015, p. 54, grifo do autor)
Orientando-nos por tal preâmbulo, os artigos postados no blog que estiverem vinculados ao tema “gramática” referem-se à versão normativa da descrição gramatical, isto é, aquela que enfatiza a norma padrão em contextos de prestígio e uso monitorado da língua. Os demais tipos de gramática, quando forem mencionados, serão vinculados aos temas e às tags de “linguística”. Pesquise-os no nosso mecanismo de busca.
O editor.

Referências:
AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 4 ed. São Paulo: Publifolha / Instituto Houaiss, 2018.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.